A tv sempre foi uma janela para a comunidade.
Um bom dia transmitido em alta definição, e os apresentadores esforçados para não destoar uma realidade da outra.
Na pauta de hoje: O dia internacional das empregadas domésticas.
E o apresentador não perde tempo em elogiar a classe:
É um emprego como qualquer outro!
Sentiu o esforço em não destoar?
Minha mãe é empregada doméstica; e até hoje, dentre as milhares de filhas e incontáveis patrões,nunca, alguma desejou trabalhar de doméstica.
É um emprego como qualquer outro.
Moramos no morro do macaco; Péssimo nome para a autoestima das pessoas. Todo mundo sonha em ter uma vida melhor. Principalmente quando ela é esfregada na sua cara todos os dias.
Entre uma pauta e outra, os apresentadores são sempre maquiados e penteados. Servidos e cobrados.
Enquanto isso...
O Intervalo Comercial.
É comercial porque vende a pele da atriz ruiva, o cabelo da loira e o corpo da morena.
Vendem também, o carro dos sonhos e até um achocolatado do Super Homem; Para que a sua criança possa desenvolver Super Diabetes.
Eu não tenho como comprar.
Não tenho o que vender.
Mas tenho 9 prestações acumuladas.
O intervalo já me vendeu algumas coisas.
Eu sou Daniel, a TV é a minha cova, e eles são os Leões; Penteados e maquiados.
A mesma propaganda que passa na casa do apresentador, passa no morro do macaco.
O desejo é o mesmo.
E o emprego é como qualquer um.
Não me estranha que tantos países tenham expulsados seus invasores, e nós até hoje nos perguntamos por que os Holandeses não quiseram ficar.
Vontade de pertencimento.
Talvez alguém nos salve.
Aqui, só a tv serve de janela; tomando todo o cuidado para não destoar entre dois mundos.
Nós que só queremos sobreviver, criamos a vida após a morte.
Eles criaram o Comercial; onipresente, onipotente e onisciente.
Na janela aqui de casa, quem olha para fora, corre o risco de bala perdida.
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