Levi
era o dono da bola, e as outras crianças pareceriam não gostar muito disso; porque no campinho de barro, tinha toda aquela questão da irmandade.
Era o milagre da lama que unia o corpo, e a alegria do gol que lavava a alma.
A bola de Levi era uma daquelas questões que não pertenciam ao mundo da lama.
Era a vaidade que se destacava no barro;
Linda; única e oficial da Copa. Um sonho para os pés.
Por isso foi tão confuso para todas as crianças; um objeto que serve para ser
chutado e surrado, não poderia ser tão lindo.
Não parecia certo, e Levi sabia muito bem disso.
O desejo é perigoso.
Mas agora já era tarde de mais.
A bola estava em jogo, e o problema também.
O peso da irmandade foi logo perdendo lugar para o desejo.
O objeto de Levi, inspirava o respeito pela mais bela,não pelo grupo; E quando isso acontece,
as coisas costumam acabar mal.
Nada disso sairia barato para Levi.
Era tarde de mais para salvar a infância.
Dava para sentir o cheiro no ar.
Então o jogo acabou.
O jogo sempre acaba quando todos querem ser atacantes,
fazer o gol e ganhar a medalha de ouro; do outro.
O jogo acaba quando Competir deixa de ser a meta.
"A vida é uma selva" Virou o bordão preferido entre os adultos.
E foi com essa frase que a poeira levantou pela ultima vez.
A partir daquele dia, a vida virou uma selva e o jogo acabou.
"Eu cresci"
É uma pena Levi.
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