terça-feira, 17 de maio de 2011

O Amor Nada Tem Com a Felicidade.

João tinha um emprego curioso.

Era isso, essa era a melhor maneira de descrevê-lo. Nem mais nem menos, apenas Curioso. O que nem todos sabiam é que ocasionalmente o tal emprego de João o colocava em grave perigo.

João trabalhava como vetor de alegria ou tristeza. Sempre que alguém precisava demonstrar amor por alguém, se desculpar por algo, ou apenas dizer Adeus a um velho amigo, João era o primeiro a ser chamado. Mas ele nem sempre era recebido com o mesmo amor da pessoa que tinha o enviado. Todos os dias o dia de João era sempre uma surpresa.
João saia de casa em uma lambreta vermelha, dirigia-se a casa de um ser humano repleto de emoções e vontades, preparava um punhado de alegria ou de tristeza e então partia para a casa de outro ser humano, só que este, repleto de emoções, vontades, raiva, tristeza, alegria, dor e desconfiança.

Muitas vezes João era abraçado e recebia agradecimentos pelo ótimo trabalho que desempenha. Já das outras vezes...

-Diga aquele desgraçado que eu não quero nada dele. Eu quero mais é que ele morra e nunca mais fale comigo. O que é que ele está pensado? Que pode se desculpar mandando um palhaço igual a você vir aqui me pedir perdão? É muita cara de pau daquele imbecil.

··... Bem, Nas outras vezes João não se dava tão bem.

João dos Prazeres Santos, tinha o emprego mais perigoso do mundo. Ele tinha o encargo de: pedir em casamento ou justificar uma separação, servir de escudo, ter coragem, ir à casa das pessoas pedir desculpas ou declarar amor eterno. João tinha que lidar com os sentimentos humanos. Mas principalmente, tinha que lidar com a frustração e o amor.

Por isso, da próxima vez que você encontrar o João por ai, lembre de parabenizá-lo pelo ótimo trabalho que ele desempenha. Aproveite, porque você não sabe se ele conseguirá sobreviver a mais uma entrega.

João dos Prazeres Santos. Entregador de Flores.

2 comentários:

Renata Maria disse...

Não sei o que é pior:
João dos Prazeres Santos, entregador de flores ou João dos Prazeres Santos, desempregado.

Por aqui, no meu mundo, ele não teria emprego:
Aqui, se tem flores, abraços, desculpas ou até um adeus pra ser entregue, eu vou lá.

(Ainda não descobri se isso é bom ou ruim - o que é curioso...)

Quanto ao título:

O que o amor tem, de certeza, com a felicidade é o fato de que os dois são escolhas. Fora isso, o máximo que pode acontecer, é elas se cruzarem de vez em quando... Mas, mesmo sendo só uma veziiinha ou outra, quando isso acontece, elas passam a ter... tudo a ver!

Renata Maria disse...

(adoro isso aqui atualizado!)