segunda-feira, 28 de março de 2011

Só Sei que a gente Inventa Amor, Dor e Tudo Aquilo que nos Satisfaz.

O bar estava fechado, e dono do estabelecimento chorava incansavelmente debruçado sobre o balcão de bebidas. Parecia inconsolável.
Nem um cliente estava lá, nem uma música tocava. Pobre dono do bar. A única coisa que se avistava sobre as mesas era uma única folha de papel branca; Apenas uma frase:

A filosofia morreu de cirrose.

Como poderia te ocorrido tão rápido? Como isso foi acontecer? Era inacreditável. E agora, o que fazer com todas as bebidas e os ovos coloridos?

Ninguém sabia responder.

Os amantes incompreendidos e suas teorias para o abandono, os ateus e as justificativas para amar o vazio, os religiosos e a cura da alma, os casados e o amor pela liberdade, os livres e o temor da solidão, os jovens e a imortalidade, os velhos e as lembranças imortais.

Todos foram morrendo. Deixando de existir. Amando e abandonando a razão.

-Como pode o homem curar uma dúvida? - Pensou o dono do bar, e logo depois dirigiu-se até a geladeira, pegou uma dose e voltou a pensar.

-Ele pode deixar de lado e passar a fingir que nunca teve dúvidas! - respondeu um estudante que aguardava o ônibus ao lado do bar.

-Mas e se um dia ele quiser saber por que nunca duvida de nada? nesse dia ele vai passar a questionar que a sua realidade absoluta não é lá tão absoluta quanto parecia, e isso meu rapaz, vai lhe gerar grandes dúvidas. - Completou o dono do bar.

-Isso é bem verdade. Prazer, Juliano. - Disse o rapaz.

-Prazer, sou o dono do bar.

Os dois beberam a noite inteira, e com isso, passaram a se reunir todos os dias para filosofar e discutir a vida. Em parceria com Juliano, outros amigos passaram a freqüentar o bar. A clientela voltou. Isso quer dizer, até o dia em que alguém esquecer o porquê de está sofrendo, o ateu acabar virando religioso e o religioso perder a fé, o casado voltar a amar a esposa e o livre se casar, os jovens e os velhos morrerem ou resolverem se matar.


Isso por que:

É de filosofia barata que vive um bar, e de copo em copo que se sustenta a filosofia.

Nenhum comentário: