quarta-feira, 2 de março de 2011

Sabendo Que eu Fico a Olhar. Com Malícia.

A faxineira do prédio acordou as 03:00 da manhã e mais uma vez se preparou para o trabalho. Pegou a condução e chegou as 05:00 AM.

Logo na portaria já foi informada sobre a festa de carnaval que iria acontecer no salão de festas. Sendo assim, recebeu as tarefas do dia:

-Arrumar as mesas e cadeiras.
-colocar o som.
-limpar o pátio e o playground.
-Decorar o salão de festas.

O problema todo estava no ultimo item. Decorar o salão de festas para o carnaval significava sujar tudo com confetes e serpentina, trabalho este que só iria gerar o dobro de trabalho para limpar tudo depois.

A faxineira atende pelo nome de Dani, ela é menor de idade e trabalha em condições precárias recebendo menos e trabalhando mais.
Dani tem 16 anos e dois filhos.


Após arrumar tudo, Dani dirigiu-se a portaria para jogar conversa fora com o porteiro.

O porteiro atende pelo nome de Monteiro. Ele é conhecido por se relacionar com as funcionárias do prédio. E além de tudo, mantém relações sexuais com Dani.
Monteiro tem 48 anos de idade e 5 filhos.

O tempo passou e a música começou a tocar. A primeira a chegar foi Analice, ou simplesmente Ana, como preferir. Ana ocupa o cargo de síndica do condomínio Poisson a dois anos, antes disso, ela morava em São Paulo com os pais. O que ninguém sabe é que Analice está com as malas prontas e passagens compradas para São Paulo. A viajem está agendada para hoje de madrugada, logo após a festa. E Junto com mudança, ela também estará levando Quinhentos mil reais e deixando outros oitocentos mil em dívidas para o prédio.

Não demorou muito e os moradores começaram a chegar.

Dona Carla e Mário Jorge. Casal educado e sempre de bem com a vida.Acabaram surpreendendo a todos. Muito admirável a presença deles na festa, principalmente depois do que tinha acontecido no mês passado, quando tiveram o filho preso pro tráfico de drogas na porta da escola onde são diretores e proprietários.

Todos sabiam desse fato, mas ninguém comentava.

Ninguém, exceto uma pessoa. Dona Marivânia.

Solteirona convicta aos 45 anos, Dona Marivânia tem saúde para dar e vender. Adepta de academias e alimentação saudável, Dona Mari é a dor de cabeça das mulheres casadas.

Uma dessas mulheres que não gostam nem um pouco das insinuações de Dona Marivânia era Juliana.

Juliana é uma estudante de Direito de 22 anos que está casada a mais ou menos um ano e meio com o Ilustre Doutor Pedro.
Juliana é figura conhecida da cidade onde mora, onde ficou famosa por um único fato. Quando tinha 17 anos de idade, Juliana deixou seu computador na assistência técnica, e junto com o computador, acabou deixando um arquivo de fotos no qual ela aparecia completamente nua no banheiro de sua casa.

-Clássico.

Doutor Pedro por sua vez, tem 53 anos(muito bem vividos obrigado), é Juiz de Direito e atua na área criminal. Além de adorar ler, Pedro também tem como hobby fotografar as caminhadas matinais de Dona Mari.

O único problema é que Antônio, pai de Juliana, também mora no edifício Poisson, o que torna isso um grande problema, já que Antônia além de ex-marido de Dona Mari, passa a maior parte de seus dias bebendo qualquer coisa que contenha álcool.


Após algumas horas de festa e muita música, a comemoração teve fim.

Quem acabou com a festa?

-O coronel Alcides.

Alcides é um ex-coronel das forças armadas, que vez por outra acaba disparando suas armas de fogo pela janela.
Dessa vez a bala acabou acertando o equipamento de som e algumas janelas do prédio.

Fim de festa. Todos para casa.

Mas isso não estragou a alegria de todos. O conforto de morar em um lugar tão seguro e bem administrado deu a todos os moradores mais uma boa e velha noite de sono.

O conforto veio do senso comum de que:

“Amanhã vamos nos reunir na casa da síndica. sair e comprar um novo som.
E claro que não podemos esquecer de resolver o problema do coronel, essa situação já está insuportável.”

Só tem um problema.

O apartamento da Sindica estará vazio.

E digo o mesmo sobre as finanças do prédio.



Toda aglomeração de pessoas é assim. Hipócrita. O Homem em cativeiro é mais do que nunca -humano-, demasiadamente humano.


E eu?
Eu estou só observando. Com malícia.


Ass: Monteiro.

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