quarta-feira, 4 de maio de 2016

Janela.

A tv sempre foi uma janela para a comunidade. 
Um bom dia transmitido em alta definição, e os apresentadores esforçados para não destoar uma realidade da outra. 

Na pauta de hoje: O dia internacional das empregadas domésticas. 
E o apresentador não perde tempo em elogiar a classe: 

É um emprego como qualquer outro! 

Sentiu o esforço em não destoar? 
Minha mãe é empregada doméstica; e até hoje, dentre as milhares de filhas e incontáveis patrões,nunca, alguma desejou trabalhar de doméstica. 

É um emprego como qualquer outro.

Moramos no morro do macaco; Péssimo nome para a autoestima das pessoas. Todo mundo sonha em ter uma vida melhor. Principalmente quando ela é esfregada na sua cara todos os dias.

Entre uma pauta e outra, os apresentadores são sempre maquiados e penteados. Servidos e cobrados.   

Enquanto isso... 

O Intervalo Comercial.

É comercial porque vende a pele da atriz ruiva, o cabelo da loira e o corpo da morena. 
Vendem também, o carro dos sonhos e até um achocolatado do Super Homem; Para que a sua criança possa desenvolver Super Diabetes.

Eu não tenho como comprar. 
Não tenho o que vender.
Mas tenho 9 prestações acumuladas. 
O intervalo já me vendeu algumas coisas.
Eu sou Daniel, a TV é a minha cova, e eles são os Leões; Penteados e maquiados.   

A mesma propaganda que passa na casa do apresentador, passa no morro do macaco. 
O desejo é o mesmo. 
E o emprego é como qualquer um.


Não me estranha que tantos países tenham expulsados seus invasores, e nós até hoje nos perguntamos por que os Holandeses não quiseram ficar. 

Vontade de pertencimento. 
Talvez alguém nos salve.

Aqui, só a tv serve de janela; tomando todo o cuidado para não destoar entre dois mundos. 

Nós que só queremos sobreviver, criamos a vida após a morte. 
Eles criaram o Comercial; onipresente, onipotente e onisciente.

Na janela aqui de casa, quem olha para fora, corre o risco de bala perdida.   

quinta-feira, 10 de março de 2016

Racnela.

Levi era o dono da bola, e as outras crianças pareceriam não gostar muito disso; porque no campinho de barro, tinha toda aquela questão da irmandade.

Era o milagre da lama que unia o corpo, e a alegria do gol que lavava a alma.

A bola de Levi era uma daquelas questões que não pertenciam ao mundo da lama.
Era a vaidade que se destacava no barro;
Linda; única e oficial da Copa. Um sonho para os pés.

Por isso foi tão confuso para todas as crianças; um objeto que serve para ser chutado e surrado, não poderia ser tão lindo.
Não parecia certo, e Levi sabia muito bem disso.

O desejo é perigoso.

Mas agora já era tarde de mais.
A bola estava em jogo, e o problema também.

O peso da irmandade foi logo perdendo lugar para o desejo.

O objeto de Levi, inspirava o respeito pela mais bela,não pelo grupo; E quando isso acontece, as coisas costumam acabar mal.

Nada disso sairia barato para Levi.
Era tarde de mais para salvar a infância.
Dava para sentir o cheiro no ar.

Então o jogo acabou.

O jogo sempre acaba quando todos querem ser atacantes,
fazer o gol e ganhar a medalha de ouro; do outro.
O jogo acaba quando Competir deixa de ser a meta.

"A vida é uma selva" Virou o bordão preferido entre os adultos.
E foi com essa frase que a poeira levantou pela ultima vez.

A partir daquele dia, a vida virou uma selva e o jogo acabou.

"Eu cresci"

É uma pena Levi.


 

sábado, 16 de janeiro de 2016

Nada faltará.

-Que mania é essa menino, sofrendo por amor; existe sofrimento muito pior.
-Qual por exemplo?
-A fome.
-Amor também é fome mãe; sacia mais não acaba. 

terça-feira, 18 de agosto de 2015

E no Fim Desse Sufoco, Espero Contar Com a Sorte.

Era bonito, eu juro! Deixe-me ver...
já leu Pablo Neruda?

"Se nada nos salva da morte, que ao menos o amor nos salve da vida."

Era lindo, como eu disse. 

                                   
              Eu Carrego Seu Coração Comigo.


"Parece besteira, mas não deixa tirarem de você o viço pela vida, menino. Porque você vale tanto e a sua integridade completa a minha. O peso de ser alguém vai ficando miúdo, pequenininho; Guarda esse tamanho e dorme; que as aeronaves já estão pousando."

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Quem Não Tem Presente se Conforma com o Futuro.



Uma vez eu estive internado. Alguns chamaram de depressão, mas eu preferi chamar de episódio depressivo.  Deprimente já é a vida, e eu não quero diminuir a sua importância; pois com tantas coisas para fazer na vida, eu estava lá, sentado em um sofá, comendo de bandeja e assistindo televisão com viciados.  

Sem nunca ter falhado um dia se quer, os remédios eram periódicos, pontuais e sem gosto. Todos comprimidos,  iguais a Psiquiatra; periódica, pontual e sem gosto. Diferente do senhor que passava as tardes fumando com sua cuidadora; ela que não perdia uma oportunidade de acender outro cigarro na boca do velho. Dizem que ele era psiquiatra. A loucura parece não respeitar diplomas. E além do mais, eu acho que ela deveria procurar outro emprego; já que não faz muito o tipo cuidadosa. Porque nesses casos, a loucura é igual ao amor, não precisa de incentivo para dar errado.

Mas isso é só a minha opinião.E dizem que não é muito bom me levar a sério.

p-

domingo, 31 de agosto de 2014

Vejo se está bem ou se precisa de alguma coisa.

-O Rei mandou dizer:

"Fato é:  Até que tenho as minhas qualidades. Apesar de não serem grandes aliadas da minha vida social, fazem do meu mundo um lugar mais confiável.

Grato, pelo menos aos que me conhecem; toleram; aguentam; ou qualquer outro termo que expresse uma permanência sofrida. Esse tipo de atitude parece arrogância, e me torna ao ver dos outros, uma pessoa carregada de rancor ou até mesmo Engraçada. Pois bem, isto não é verdade. Não teria graça ser eu."


-Teremos outro aumento de impostos este mês.

Manutenção da Vida

No castigo de ficar, o problema maior é quando você depende da coisa.
Aqui no mundo, a vida depende.
Você precisa da coisa para viver; a coisa não; a coisa nem vive.