quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pedras Brutas e Mulheres Lapidadas.

É tão improvável que ele te ligue hoje. Acho que já deve saber que a solidão te tomou por protegida. Todos já devem saber que você se olha no espelho todas as noites, e percebe que a única coisa que toca teu rosto é sua própria respiração lutando contra o espelho.

Mas que rosto. Linda. Você tem o tipo de olhar que acalma. O tipo de olhar que se tornou o meu apanhador de sonhos, filtrando tudo o que me quer mal.
Mesmo assim, todas as noites você está aqui. Olhando-me, pedindo ajuda para superar o desejo de querer outra vida. Mas você não é criteriosa. Qualquer vida que não seja a sua já lhe serve. E eu? Como eu fico? Fico sem ação. Te olhando da mesma forma. Sem respostas. Sou a copia do teu olhar.

O duro é saber que as noites se seguiram dessa forma durante alguns bons anos. Até que a ultima coisa que refleti foi você encontrando a liberdade pela janela de seu apartamento.
Depois desse dia você nunca mais apareceu. Fiquei parado em meu lugar, refletindo apenas o seu quarto e o telefone ao lado da sua cama.

Às vezes penso que se ele tivesse te ligado, você ainda estaria aqui.

Não sei como ser livre. Sou o reflexo daquilo que me cerca.
No final, essa pareceu ser a melhor forma que você encontrou para se tornar livre. Não te culpo.

O Triste é que só sentiram a sua falta duas semanas depois. Foi justamente quando ele veio aqui. Revirou as gavetas procurando o anel que tinha te dado; Aquele com uma pedra branca.
Em pouco tempo ele encontrou e o guardou no bolso. Chorou um pouco sentado em sua cama e depois saiu pela porta da cozinha.

Eu sei que vou ficar aqui, parado e refletindo a vida ao meu redor. É o meu carma.
Já o anel, está livre de novo para enfeitar a mão de outra que ainda não tenha encontrado a liberdade.

Obrigado pelo tempo.
Obrigado pela solidão.
Obrigado pela solução.

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