sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Quem me era?

O estado de demência sempre aparenta uma permanência constante. Parece se estender por toda a vida.

E acaba se estendendo.

Esse é o tempo de ficar parado. Observando e sendo observado.
Porque sobre a perspectiva da platéia isso não passa de mais uma encenação.

Primeiro Ato.

Deixei-me aqui. Sou a única parte de mim que me sobro. Me junto aos meus cacos e me recomponho.

Segundo Ato.

Sou eu quem me comemoro em minhas derrotas. Me convido para sair e esquecer-me de mim. Se eu me convido bem, acabo me aceitando sem problemas.

Terceiro Ato.

Quem me dera eu poder saber, Ontem eu me era ou era apenas eu?
Prazer, me chamam demência.


No final ninguém entende mesmo. E acaba se estendendo. Mesmo que eu me perceba bem. Bem antes de me perceber mal, O estado de demência já aparenta uma permanência constante.


E no final ninguém entende que a idéia sempre foi essa. Não quebre a cabeça. As pessoas são complicadas mesmo. Elas têm prazer em ser assim. Não quebre a cabeça.

Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.Abra a cabeça.


Abra a cabeça. Primeiro Ato.








quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pedras Brutas e Mulheres Lapidadas.

É tão improvável que ele te ligue hoje. Acho que já deve saber que a solidão te tomou por protegida. Todos já devem saber que você se olha no espelho todas as noites, e percebe que a única coisa que toca teu rosto é sua própria respiração lutando contra o espelho.

Mas que rosto. Linda. Você tem o tipo de olhar que acalma. O tipo de olhar que se tornou o meu apanhador de sonhos, filtrando tudo o que me quer mal.
Mesmo assim, todas as noites você está aqui. Olhando-me, pedindo ajuda para superar o desejo de querer outra vida. Mas você não é criteriosa. Qualquer vida que não seja a sua já lhe serve. E eu? Como eu fico? Fico sem ação. Te olhando da mesma forma. Sem respostas. Sou a copia do teu olhar.

O duro é saber que as noites se seguiram dessa forma durante alguns bons anos. Até que a ultima coisa que refleti foi você encontrando a liberdade pela janela de seu apartamento.
Depois desse dia você nunca mais apareceu. Fiquei parado em meu lugar, refletindo apenas o seu quarto e o telefone ao lado da sua cama.

Às vezes penso que se ele tivesse te ligado, você ainda estaria aqui.

Não sei como ser livre. Sou o reflexo daquilo que me cerca.
No final, essa pareceu ser a melhor forma que você encontrou para se tornar livre. Não te culpo.

O Triste é que só sentiram a sua falta duas semanas depois. Foi justamente quando ele veio aqui. Revirou as gavetas procurando o anel que tinha te dado; Aquele com uma pedra branca.
Em pouco tempo ele encontrou e o guardou no bolso. Chorou um pouco sentado em sua cama e depois saiu pela porta da cozinha.

Eu sei que vou ficar aqui, parado e refletindo a vida ao meu redor. É o meu carma.
Já o anel, está livre de novo para enfeitar a mão de outra que ainda não tenha encontrado a liberdade.

Obrigado pelo tempo.
Obrigado pela solidão.
Obrigado pela solução.

sábado, 7 de agosto de 2010

Só a noite é que sabe que a vida não tem jeito.

-Quando sai do banho fiquei observando ela sentada dentro do meu quarto.
Ela estava na cadeira, com as mãos repousadas sobre as pernas e viajando com o olhar por cada detalhe do cômodo. Entrei e perguntei se ela estava precisando de alguma coisa. Ela sorriu e me disse que não; "Está tudo bem".

Falamos sobre a vida e rimos de qualquer coisa. A todo o momento eu a lembrava de que podia ficar a vontade sem se preocupar em manter as aparências. Ela é tão frágil e parece precisar de tanto cuidado; Deve ser isso que me atrai tanto.

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-Quando sai do banho fiquei observando ela sentada em minha cama. Ela estava sentada e apoiando as costas na parede. Suas mãos estavam segurando um de meus livros que ela parecia folhear sem interesse. Entrei e perguntei por que ela sempre fazia isso, porque ela sempre pegava as minhas coisas e fazia comentários com aquele tom de voz que faz tudo parecer ridículo. Ela me olhou de lado e disse que eu sempre quero estar certo sobre tudo, e que só ficou me esperando para evitar um problema maior. Jogou meu livro ao lado da cama e disse;
"Não estamos nada bem".

Falamos sobre nossas vidas e discordamos sobre qualquer coisa. A todo o momento eu a lembrava de que ela estava muito a vontade em pensar que eu poderia agüentar qualquer coisa que ela me fizesse, ou como minhas gavetas estavam cheias de recortes sobre coisas que nunca me interessaram. Ela é tão sufocante e parece precisar de tanta ajuda; Deve ser isso que me afasta tanto.

O que eu não tinha percebido é que da primeira vez que entrei no quarto para a segunda, tinham se passado dois anos. O tempo voa e pisa em você. Faz parecer que não tem mais jeito.

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-Quando eu pensei em entrar no banho, parei. Fui para a porta do quarto e observei aquela menina sem jeito. Ela estava olhando alguns dos meus livros. Parece que estou vendo tudo de novo. Eu sei que ela é outra pessoa. Mas o tempo pisa em você. Faz parecer que não tem mais jeito.
Olhei para ela e disse; “Vai ficar tudo bem, eu prometo”.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A metodologida do .eu.

Necessidade, vontade, erro, medo ou força. Garanto que isso é o que você tem a oferecer para o mundo. Por esse motivo sou metódico na construção do EU, não deixando faltar nada, nem mesmo um pouco de cada um de vocês.

Você que é feliz, mas escolhe ser triste por ter medo de sofrer.

Você que é tão dura com o mundo, e que da forma mais fria que encontra, faz da dor o seu cartão de visitas.

Você que não mede as palavras e vive um caso doentio com a vida.

Você que olha para o céu e insiste em dizer que não vê nada de mais.

O meu, o seu.

Procuro ser mutável. Sou uma linha aberta de conexões; Do meu, para o seu --Eu--

A única garantia que tenho é:

O "Eu" não pode ser sozinho.

A solidão mata. E o medo da morte só existe porque morremos sozinhos.
Eu pretendo viver, e é assim que tenho feito. Sou um ponto de chegada do novo, e o local mais seguro para guardar o que insiste em partir.

Deve ser sempre assim, sem deixar faltar nada.

Porque essa é a minha metodologia e ela não está a venda.
Deve ser sempre assim.

Sou uma linha aberta de conexões.




segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Bem Alheio Móvel.

Sou deslocado e alocado em outros locais quase que diariamente. Isso, por si só, já é perturbador.
Não sei rejeitar convites, e me matam quando rejeitam os meus.
A rejeição é uma coisa interessante, nada mais que isso.

A minha vontade é a de ser levado, roubado ou subtraído. Por isso me coloco em jogo.
Hoje não é diferente. Acordo e convivo com a vida que duvido ser minha; Se por acaso for a sua, pode pegar, eu não a quero.

Faz tempo que não escrevo, leio ou falo com a pessoa mais chata do mundo. Isso me faz falta.

Por isso mais uma vez estou aqui. Pensando.

Minha cabeça é o meu carrasco.

E mesmo assim estou aqui. Pensando.

Vamos lá, pense. Qual o correto a se fazer?

Vamos lá, siga em frente ou enfrente.

Sem respostas?

E mesmo assim estou aqui.

Pensando. Interessante. Perturbador.